quinta-feira, 7 de março de 2013

A vida que me ensinou a viver!


A vida era tranquila, sem rotinas, sem horário para quase nada.

Podia dormir tarde e acordar mais tarde ainda, não tinha almoço, muito menos jantar, comíamos algo na rua ou pedíamos no delivery.
Conseguia comer tudo quentinho, sem interrupções.

O banho podia ser tomado na hora que acordava, no meio da tarde de sábado, na hora de deitar ou na hora que quisesse... e ele era longo. Entrava no chuveiro e até me esquecia que precisava sair.

A TV passava noticiário, filmes, novelas... Eu prestava atenção aos diálogos, me concentrava.

Era tão fácil sair de casa... Trocava de roupa apenas uma vez, pegava a minha bolsa e a chave.
Na minha bolsa iam apenas coisas  de mulher: carteira, batom, maquiagem, escova, celular.

Dirigia tranquila, ouvindo músicas da rádio, cds que sempre gostei.

Tinha minha independência, não dava explicações ou satisfações a ninguém. Não fazia promessas sobre a hora de voltar.

Um dia tudo isso mudou. E eu que achava que não conseguiria viver de outra forma hoje me vejo diferente.

Tenho hora pra acordar, mas não para dormir.

As refeições são preparadas por mim, e são feitas na mesa, cada um no seu lugar.
Nem sempre consigo saboreá-la quente. Existem brinquedos para recolher, fraldas para trocar, choro para amparar.

O banho pode ser tomado enquanto ele está na escola, ou depois que dorme, mas precisa ser rápido. Ele pode acordar, o telefone pode tocar e pode ser alguém da escolinha avisando algo. Não posso perder tempo embaixo do chuveiro.

Minha TV não sabe mais quais são os canais que eu gostava... ela hoje passa desenhos e dvds infantis o dia todo. E quando consigo dar uma escapada para ver algo diferente acabo me emocionando com qualquer notícia de morte, acidente, superação, dor, felicidade... Acho que depois daquele 28 de maio de 2011 me tornei ainda mais sensível, não só as minhas dores, mas a dor de quem está ao lado.

Hoje para sair de casa são várias trocas de roupa, sempre tem um xixi que escapa, uma mão que suja minha blusa, uma comida que voa e resolve pousar bem na blusa branca.
Minha bolsa virou de uso comunitário, tem carrinho, bonecos, chupeta e até metade de um pirulito, biscoito ou chocolate.

Aprendi a dirigir com um olho pra frente e outro para a cadeirinha atrás de mim. O choro, o grito e até o silêncio causam susto, medo, insegurança.

Os meus cds nem sei mais se existem e nem mesmo o que tocavam... hoje na lista dos mais tocados estão a Galinha Pintadinha, Cocoricó, Patati Patatá, Balão Mágico e por ai vai...

Para sair e para deixar na escolinha preciso "combinar" que volto logo, que quando terminar a brincadeira ou o programa de TV já estarei de volta. E essa confiança existe porque cumpro cada horário.

Um pequeno ser mudou minha vida, me colocou na rotina, me fez conhecer um amor que jamais imaginei existir.
Acho que me tornei uma pessoa melhor.
Você me completa, me ensina a sorrir mesmo quando a dor é grande, me ensina que chorar e pedir colo não é sinal de fraqueza, que o amor não é dividido, apenas multiplicado.
Você me ensina a viver e nessa relação mãe e filho aprendi que quem mais aprende sou eu.


Meu amado e querido filho Felipe, essa é apenas uma mensagem de agradecimento para você que tanto me ensina.
Te amo mais que tudo!!!

Beijos
Mamãe.


1 comentários:

  1. Que lindoooooo... Fiquei emocionada. É bem isso. A mudança na nossa vida chega a ser assustadora. E nossa prioridade vai ser sempre eles. Mas passa muito rápido. E nada na vida é mais lindo e mais maravilhoso que estar com seu filho. E esse amor vence todas as etapas. Parabéns pelas palavras. E por ser essa mãe tão maravilhosa. Beijossss.

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